...Alimentando os pássaros...


Abrigada do calor excessivo, num ambiente de natural frescura, passei a tarde sem me lembrar de sair para alimentar os passeriformes que, se me alegram o jardim e o quintal, também sujam o chão com o palhuço das sementes da alpista que comem e os inúmeros dejectos que descontraidamente produzem.

Recordei há pouco a imperdoável distracção e saí então para a noite quente e sem vento, sem me preocupar em acender a luz... A calote oeste da lua estava suficientemente iluminada e o brilho de estrelas e cometas eram jóias longínquas marchetando um céu de um azul inefável, infindável , mágico, que já quase esquecera que existia, por demais ofuscada pelas luzes artificiais de néon ou lazer que tanto secam quanto ferem os olhos.
A brisa era leve, cerúlea, vagamente fresca e fiquei-me embevecida a olhar o céu por cima da minha cabeça, de cabelos quase tão brancos quanto os raios de luar...
Passado o momento de encantamento, fui encher os comedouros para os meus hóspedes aéreos e exigentes, comilões, invejosos, truculentos uns para com os outros, que tanto adoram banhar as penas nas tinas com a água que lhes é dispensada para se dessedentarem... Chegam a brigar pela oportunidade da banhoca!... 
Adoro vê-los fazer a toilette!... É dos momentos do dia mais repousados e divertidos que me proporcionam estes seres alados e inquietos cujo maior prazer é voar nas estradas desconhecidas dos anilados céus...
Agora, na solidão da noite estrelada, enluarada, nem se ouvem... só se ouve o ruído cíclico e longínquo dos grilos que nos repousa a mente e liquefaz o espírito mais empedernido... porém, atento perante a maravilha da noite de um verão que começou agora a acontecer...

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