Resiliência...

Um cacto que resiste, trazido do Penedo da Saudade, há longos anos...tão longos que já nem sei quantos foram...
Resistiu ao tempo num vaso muito pequeno, com pouca terra e ainda menos água, quase sempre em ambiente escurecido, na sala de estar duma casa quase sempre fechada...
Foi posto na terra, mas nota-se que as geadas o maltratam e o sol escaldante destes verões cruéis também o castigam impiedosamente.
Contudo, resiste como espécie de planta que recolhe em si tudo o que de bom e menos bom, ou muito mau, a vida lhe trouxe.
Olho-o e admiro a sua - como dizer... resiliência.
Em breve eu passarei de uma recordação na sua vida de planta agarrada à sua vontade de continuar sobrevivendo neste mundo hostil e mesquinho de que eu - eu - juro que não terei saudade, apesar de me sentir viver hoje numa espécie de bolha temporal de que não sei se, agora, dela desejo libertar-me.
Pouca coisa já dói, menos ainda a alma deseja...Ir deixando correr os dias, horas, minutos, segundos...
num ritmo de coração ainda enamorado, de olhos vigilantes, ouvidos limpos de melodias estranhas, sentindo como sente o âmago da terra sofrida - assim vai passando por mim o tempo, ou passo eu por ele, deixando ao imprevisto a porta aberta para, querendo, entrar.

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